Laila Garin é sinônimo de pluralidade. Meio Francesa, meio baiana, seu diferencial não se aplica somente à dupla nacionalidade: ela chama atenção no mundo artístico tanto como atriz quanto como cantora, e sua carreira iníciou-se precocemente:
“Comecei a cantar com 12 anos, e com 13 fui fazer coral e estudar canto lírico na escola de música da UFBA enquanto fazia oficina de teatro; depois, fui fazer faculdade de teatro. Acho que quando junto os dois, é quando me realizo. O prazer é indescritível. Música é divina, é vida pura, é lembrança do sentido de existir, é amor absoluto. É Beleza com letra maiúscula, é a coisa mais linda que o homem fez”.
EXPERIÊNCIA INTERNACIONAL
Devido à sua descendência, Laila tem uma ligação bastante expressiva com a arte da França. Viajava para o país nas férias e, depois de formada na faculdade de teatro da UFBA, resolveu ir em busca de um aprofundamento na profissão que escolheu.
“Em 2002, fiz um estágio no Théâtre Du Soleil com Arianne Mnouschkine e os atores de lá. Foi emocionante quando, ano passado, eu fui trabalhar com o Soleil como intérprete da montagem do espetáculo Os Náufragos da Louca Esperança no Rio de Janeiro. Pude vê-los com novos olhos, olhar para mim e perceber o quanto estava transformada quase 10 anos depois”, diz ela, e ainda completa: “Agora, no Ano da França no Brasil, eu voltei a trabalhar na França, pois conheci Eva Doumbia, diretora da Cie La Part du Pauvre de Marseille, e ela me chamou para fazer um projeto chamado Moi et Mon Cheveu, que é um cabaret capilar musical que fala sobre a mestiçagem”.
TEATRO BRASILEIRO
No Brasil,Laila se destaca em importantes cenários teatrais, como por exemplo na peça Eu Te Amo Mesmo Assim, projeto de Jô Abdu, com direção de João Sanches e roteiro e supervisão de João Falcão, que segue com apresentações constantes nas capitais carioca e paulista desde janeiro de 2010.
“João Falcão me fez cantar músicas conhecidas da MPB de uma maneira que eu não imaginava, redescobri letras que já conhecia, mas nunca as tinha entendido do jeito que ele me mostrou. Fiquei doida por isto dele! A partir deste encontro no Eu Te Amo, ele me chamou para fazer uma partcipação no seriado Clandestinos da Globo e gravar “Se Eu Quiser Falar Com Deus” de Gilberto Gil para a trilha do seriado. Agora ele me chamou para fazer Gonzagão, um espetáculo que a SARAU está produzindo no Rio sobre a vida e a obra de Luiz Gonzaga”.
O diretor a elogia na mesma proporção: “Uma cantora fenomenal, uma atriz espetacular, uma coisa rara”.
Também no teatro, Laila teve uma intensa ligação com o ator e diretor Cacá Carvalho, criador do espaço artístico Casa Laboratório em parceria com o italiano Roberto Bacci e a Fondazione Pontedera Teatro/Itália. Encontro que rendeu vários frutos no que se refere à versatilidade da atriz.
“Com o espetáculo O Homem Provisório, que é baseado na obra de Guimarães Rosa Grande Sertão Veredas, viajamos muito. Tanto para a criação quanto para apresentá-lo, dentro e fora do Brasil. Esse espetáculo tinha uma sonoridade muito particular, que fomos pesquisar na região do Cariri e trabalhar depois com Francesca Della Monica, uma cantora e pedagoga italiana maravilhosa, minha professora de canto”, afirma Laila.